A Operação Rustius, da Polícia Federal, que tem como principal alvo o prefeito eleito de Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá), Alei Fernandes (União), foi deflagrada após a Justiça Eleitoral ter autorizado perícia no celular do agricultor Nei Francio, que foi apreendido nas vésperas da eleição em 7 de outubro com R$ 300 mil dentro do carro.
A informação consta na ação de investigação judicial eleitoral (Aije) proposta pelo candidato derrotado Damiani da TV (MDB), que solicita o compartilhamento das informações do celular apreendido. A ação foi protocolada na última segunda-feira (2).
Além dos dados no celular de Nei Francio, a ação pede a quebra de sigilo bancário do agricultor. Durante a apreensão, Francio confessou ter vinculo com o prefeito eleito, e que seu filho realizou uma doação de R$ 200 mil para o candidato. Nei Francio também revelou possuir “um sítio em comum com ele [Alei Fernandes] e com mais 10 pessoas, no Pará, um pesqueiro”.
Além dos recursos com indícios de caixa 2, a ação também aponta que Alei Fernandes teria recebido serviços de assessoria de marketing à campanha pela empresa Brâmane Marketing e Comunicação.
“Entretanto, apesar de estar comprovado que o Sr. George Indarsane Lall tenha prestado serviços de assessoria de marketing à campanha do Sr. Alei Fernandes, não há registros de pagamentos ao Sr. George ou de gastos eleitorais com assessoria de marketing nas despesas declaradas no Tribunal Superior Eleitoral”, diz trecho da denúncia.
Operação
Deflagrada nesta quarta-feira (4), a operação cumpriu 9 mandados de busca e apreensão, tendo como principais alvos o prefeito eleito Alei Fernandes e seu sócio Nei Francio. As buscas ocorreram em Sorriso e Várzea Grande. Um dos alvos deve entregar o passaporte e está proibido de deixar a cidade. Também há o impedimento de contato com outros alvos.
A apreensão do dinheiro foi feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), dias antes do primeiro turno da eleição, na BR-163. O motorista do veículo Hilux é filho de um agricultor e tentou fugir dos policiais. Segundo a PF, ele era um dos principais apoiadores da campanha eleitoral do candidato.
Os elementos de informação colhidos no inquérito policial indicam que o valor seria destinado ilicitamente à campanha eleitoral. Além desse valor, há indícios de que várias transações financeiras, relacionadas a essa mesma campanha, realizadas por empresários locais, foram realizadas de forma ilegal (com a participação de pessoas jurídicas, por meio de “laranjas” e com dinheiro não contabilizado na prestação de contas)