A investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) revelou detalhes do esquema de cobrança de propina que levou à deflagração da ‘Operação Perfídia’. Segundo o inquérito policial, as tratativas ilícitas eram feitas por meio de mensagens de WhatsApp entre o vereador Sargento Joelson (PSB) e um então funcionário da Construtora HB20. As propinas desembolsadas seriam em torno de R$ 250 mil aos vereadores – além de Joelson, o ex-presidente da Câmara, Chico 2000 (PL).
Conforme o documento, a empreiteira foi contratada para a execução de obras de drenagem e pavimentação na avenida Contorno Leste, em Cuiabá, resposável por desembolsar os R$ 250 mil aos parlamentares.
A dinâmica do esquema, segundo os elementos iniciais da investigação, envolvia a atuação do funcionário, que teria operacionalizado o pagamento de R$ 150 mil, em transferências via Pix, para a conta de José Márcio da Silva Cunha, apontado como interposto na transação, que inclusive foi alvo da operação.
O documento revela ainda que parte do valor remanescente teria sido entregue em dinheiro ao vereador Sargento Joelson, em encontros realizados na Câmara Municipal.
A investigação aponta que, em contrapartida, os vereadores se comprometeram a usar seus cargos para viabilizar a aprovação de uma certidão que permitiria ao Município de Cuiabá parcelar dívidas tributárias. Essa medida facilitaria a liberação de recursos pendentes à HB20 pela execução de obras de drenagem e pavimentação na avenida Contorno Leste, beneficiando a construtora.
Em depoimento, a testemunha confirmou a solicitação de vantagem indevida e detalhou encontros com os vereadores na Câmara, onde as tratativas e parte dos pagamentos teriam ocorrido.
O documento destaca a robustez das provas, que foi reforçada por análise técnica dos dados telemáticos, constatando os diálogos via WhatsApp entre o funcionário da empresa e o vereador Sargento Joelson.
O relatório técnico atestou a veracidade dessas conversas, além de confirmar que o telefone utilizado nas mensagens estava registrado em nome do vereador Joelson Fernandes do Amaral, fortalecendo a conexão entre os interlocutores e o conteúdo das mensagens.