Após oito dias foragido, o servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Mauro Ferreira Filho, se apresentou na manhã desta quinta-feira (7) à Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá. Ele é apontado como o principal operador do esquema que desviou mais de R$ 21 milhões da Conta Única do Poder Judiciário.
Mauro foi um dos alvos da Operação Sepulcro Caiado, deflagrada no dia 30 de julho. A investigação cumpriu 10 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, mas ele conseguiu fugir sem deixar pistas e permaneceu foragido por mais de uma semana.
Segundo a Polícia Civil, o servidor atuava no setor financeiro do TJ e é suspeito de alimentar, com informações fraudulentas, documentos internos usados para liberar alvarás em ações judiciais forjadas. Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua residência, a polícia encontrou 24 relógios de grife, joias, dois passaportes em nome dele, além de notebook, pendrive, tablet e um cofre trancado. A filha de Mauro estava na residência no momento da operação e afirmou desconhecer o paradeiro do pai.
Com a apresentação do investigado, o delegado Pablo Carneiro informou que irá encaminhar até esta sexta-feira (8) o relatório completo da investigação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em cumprimento à determinação do ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, relator do caso na Corte Superior.
“Ante o exposto, delego atribuição investigativa à Delegacia Especializada de Estelionatos de Cuiabá/MT, provisória e excepcionalmente, até o dia 08/08/2025, data em que a autoridade policial deverá remeter a esta Corte, até as 18h00, relatório circunstanciado das investigações”, destacou o ministro em despacho emitido na quarta-feira (6).
A remessa do inquérito ao STJ foi motivada por manifestação da Corregedoria Nacional de Justiça, que, após inspeção surpresa ao TJMT no dia 25 de julho, indicou possível envolvimento de autoridade com foro por prerrogativa de função. O corregedor nacional, ministro Mauro Campbell, oficiou o presidente do STJ, ministro Herman Benjamin, solicitando o envio dos autos para análise da Corte Superior.
Um dia após o comunicado oficial do CNJ, foi deflagrada a operação que cumpriu mais de 160 ordens judiciais, incluindo 10 mandados de prisão preventiva, 22 de busca e apreensão, 16 bloqueios judiciais que somam R$ 21,7 milhões, 46 quebras de sigilo bancário e fiscal, além do sequestro de 18 veículos e 48 imóveis.
A defesa de Mauro Ferreira Filho informou que irá acompanhar a audiência de custódia do servidor e que ainda estuda as medidas jurídicas a serem adotadas.
Jornalista: Mika Sbardelott