O sargento da Polícia Militar Eduardo Soares de Moraes, lotado no Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), foi preso na manhã desta quarta-feira (13) suspeito de participar de uma tentativa de fraude envolvendo o nome e a imagem do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargador José Zuquim Nogueira.
A ação foi descoberta após um motorista de aplicativo ser contratado para entregar um envelope com R$ 10 mil na portaria do TJMT. O valor foi deixado no Fórum de Cuiabá e deveria ser repassado, segundo ordens recebidas pelo militar, a um advogado. O transporte do dinheiro foi solicitado por um perfil falso, que usava foto e nome do desembargador.
De acordo com o motorista, ao chegar ao Fórum, ele recebeu o pacote de um homem grisalho, de óculos, vestido com calça branca e camiseta preta, que se apresentou como “Eduardo” e estava acompanhado de uma mulher de cabelos pretos em um Toyota Corolla prata. Ao notar que a entrega não tinha destinatário identificado, o condutor acionou a segurança do Tribunal, que descobriu o dinheiro dentro do envelope.
Identificado como responsável pelo envio do valor, Eduardo foi preso ao se apresentar no quartel da Rotam, no bairro Dom Aquino. Em depoimento à Polícia Civil, afirmou que apenas atendeu a um pedido de Laura Kellys, companheira do sargento Jackson Pereira Barbosa, preso por envolvimento no assassinato do advogado Renato Nery. Segundo as investigações, Jackson teria intermediado a execução.
O sargento Eduardo alegou não saber o conteúdo do envelope e disse desconhecer o uso do nome do presidente do TJMT na ação.
O motorista de aplicativo que fez o transporte relatou ter recebido mensagens e ligações ameaçadoras de um número salvo como “Eduardo F”, exigindo a devolução do dinheiro e afirmando que “Mato Grosso inteiro estaria atrás dele” caso o valor sumisse. Pouco depois, as conversas no WhatsApp foram apagadas.
Durante revista na cela de Jackson Barbosa, a polícia encontrou um celular Samsung, levantando suspeitas de que o militar preso possa ter participado diretamente da fraude e das ameaças.
A Polícia Civil autuou Eduardo Soares pelos crimes de falsidade ideológica e associação criminosa, e solicitou a prisão preventiva do sargento. O caso foi encaminhado à Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), devido ao uso da imagem de autoridade pública e à complexidade da fraude.